A pandemia não acabou. Enquanto não existir vacina eficaz, o coronavírus vai ameaçar e infernizar nossa vidinha. O jeito é esperar e ir trabalhando em segurança. E vou lendo textos de todos os tipos que tratam de letramento digital ou de multiletramentos. E fico pensando em como muita coisa já ficou anacrônica. Pesquisadores/as, cuidai de vossas afirmações sobre tecnologias digitais, educação e linguagem! A não ser por uma cegueira muito grande, indesejável em nossa tarefa de estudiosos/as, deu para notar que a relação tecnologia, escola e sociedade é mais complexa e funda do que muitos/as mais otimistas queriam, não é? Estudar tecnologias digitais sempre teve grande relação com crenças, desejos e apostas entusiasmadas, em especial de certa ala de pesquisadores/as, em decalques de teorias estrangeiras de países ricos, mas olha, não dá mais. Não dá mais para fazer afirmações sem olhar nosso chão. Então, quando participo, já dentro da pandemia, de defesas e qualificações de trabalhos sobre TDIC e quetais, fico observando os olhos do/a pesquisador/a avaliado/a… para ver para onde ele/ela está olhando, mas, principalmente, para ver se está enxergando mesmo, é ter mais que os olhos abertos. É estar atento/a e forte. Geralmente, a relação TDIC e educação não é como a gente gostaria. Vamos deixar o futurismo otimista para a ficção, por enquanto.