De vez em quando, encontro uns textos que escrevi há tempos e fico com medo deles. É impossível não me confrontar hoje com o que eu pensava e escrevia ontem ou anteontem. Autores e autoras importantes, geralmente estrangeiros/as, publicam seus livros e os repensam, ao longo do tempo. Nas edições mais recentes de certas obras, há prefácios acumulados em que o doutor ou a doutora explicam as mudanças em suas teorias ou propostas, ao longo do tempo, vez que continuaram a pensar e repensar, na interação com colegas e estudantes. Uma beleza, não? Infelizmente, temos pouca oportunidade de fazer isso por aqui.

Estes dias, dando uma oficina de produção de textos para a graduação, precisei indicar dois textos sobre a noção de hipertexto. Os links foram de um verbete que tive a honra de escrever para a Enciclopédia do Ceale (UFMG), anos atrás, e um artigo que publiquei em um evento em Uberlândia, MG, em 2006. Ai, que medo! Mas até que eu não dei muita bola fora. Meu ‘jeito de pensar’ já estava lá.

Também reencontrei um texto que publiquei, a convite da Prodemge, na revista Fonte, se me lembro bem. Reli agora esse artigo meio furioso, repleto de vozes alheias (coisa que faço com mais parcimônia, hoje em dia), e achei que não estava errada, àquela altura. Éramos bem otimistas… mas eu já era uma desconfiada incorrigível. Será que é porque sempre estive dentro ou muito perto da escola básica? Por que a escola não protagonizou no tema das tecnologias? Por que o Brasil não protagoniza quase nunca, em educação? Que coisa… É bom quando a gente não se envergonha completamente do que escreveu tempos atrás, mas é triste quando a gente verifica que a situação não mudou para melhor, até o contrário. Que pena.

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