Em janeiro eu já tinha sacado que seria um ano de muito trabalho. Embora a pandemia seja uma grande tragédia, uma crise enorme, da qual vamos demorar a nos recuperar completamente, em muitos sentidos ela provocou também, em minha vida, uma dinâmica de trabalho intenso, mas que me deixa muito menos exausta. Não é interessante?
Por estar em casa, distribuindo melhor o meu tempo e com a mesma responsabilidade com que lido com tudo o que preciso fazer, consigo me organizar bem, jogando muito menos tempo no lixo ou doando-o menos ao que e a quem não quero doar. É realmente algo que tem me feito pensar muito, embora eu não possa passar muito disso: pensar. Sei que o retorno ao presencial me levará, novamente, ao desperdício.
Nesta semana, sexta-feira, encerro um curso online que ofereci em uma experiência nova da Andifes e do CEFET-MG, a mobilidade virtual. Convidei uma colega argentina, a profa. Lucía Tennina, da UBA, e juntas compusemos e oferecemos um breve curso sobre edição e literatura contemporâneas no Brasil. Tivemos boa aceitação, pessoas interessadas em várias partes do planeta. À medida que as semanas passaram, o engajamento geral foi se reduzindo, mas a experiência serviu para nos colocar em contato com muita gente interessante e interessada no Brasil e em sua produção literária.
O outro ciclo que se encerra, também ligado à colaboração e à parceria, é a disciplina de pós ofertada juntamente com a profa. Dorotea Kersch, da Unisinos, num esquema de aulas virtuais às terças-feiras. Que maravilha de conversa! Pessoas do país inteiro estiveram conosco por cinco semanas, sem trégua, por meio de fóruns e de encontros síncronos muito proveitosos. Pelo menos foi assim que senti. Dezenas de colegas leram nossas indicações bibliográficas, conversaram conosco, nos contaram de suas experiências. Por fim, propusemos uma produção de texto colaborativo. A ver.
São ciclos que se encerram. Foram muitos cursos extras (afora as aulas regulares de médio e graduação), que serviram como pilotos de coisas que desejamos fazer sempre. No entanto, é este ser dona do tempo que permite tanta estripulia boa. Se houve algo que rendeu durante esta “infinitena” (como disse um amigo) foram os laços, as colaborações, as experimentações. Ah, se dependesse de mim… Trabalho o dobro, o triplo; produzo muito e melhor; me sinto muito mais objetiva; mas enfim… um dia a vida voltará ao seu curso… espero que seja um outro jeito de fazer e de ser.