As aulas presenciais finalmente vão começar. Parece que será na semana que vem. Sinto que me esqueci um pouco de como é isso. E tenho pensado muito em como integrar algumas coisas que funcionaram on-line ao que vou fazer na sala de aula e fora dela.

O sistema acadêmico que passamos a usar melhor, por exemplo, pode continuar funcionando. Serve como um belo apoio e repositório para textos, aulas, etc. Organiza muito as coisas, em especial para quem perder aulas ou se enrolar nas atividades. Isso não precisa desaparecer do horizonte, como se estivéssemos voltando no tempo.

Mesmo assim, com a experiência de coisas que funcionaram, ouvi uma discussão inacreditável na semana passada: pastas de xerox. É que o campus quase se desintegrou nesses dois anos de ensino remoto emergencial. Não há mais cantina nem lojinha de xerox, por exemplo. São espaços que dependem de licitação… e isso ainda será feito, naquele conhecido ritmo dos processos públicos.

Sim, a cantina é fundamental. De preferência uma boa cantina, o que nunca foi o caso, mas a lojinha do xerox poderia muito bem virar coisa do passado, em especial se as práticas diversas forem estimuladas com o uso de repositórios digitais. Era o que estávamos fazendo…

Mais uma coisa: reuniões com dezenas de pessoas deslocadas de suas casas, grande parte delas sem necessidade. A gasolina está a 7 reais o litro. Três horas de reunião equivalem, na verdade, a cerca de 6 horas fora de casa, já que a mobilidade é péssima na cidade e as pessoas despendem horas para ir, chegar, voltar.

Daí, o que pensam? Que será preciso votar (votar!!) se as reuniões serão presenciais OU virtuais. Não entenderam nada! Não é isso, minha gente. Os acessos precisam ser híbridos. Não aquele “híbrido” explorador que inventaram na transição do on-line para o presencial, mas o híbrido que nos favorece. Como? Assim: as pessoas devem poder escolher como acessarão uma reunião, se de suas casas ou fisicamente, caso estejam no campus ou considerem vantajoso estar lá por qualquer razão. O que a instituição precisa prover? Condições para que as reuniões possam ser transmitidas de maneira a permitir participações efetivas de presencialidades diversas. Guardemos isto: presencialidades diversas.

A pessoa que está na reunião de casa… não está ausente. Pelo amor de Deus. Ela precisa estar disponível para a reunião. Ela só não está no mesmo espaço que parte das pessoas que estão na sala física em que a conversa acontece. Isso é uma melhoria. É mais justo, mais democrático, favorecedor inclusive da qualidade de vida de quem não precisa fazer um deslocamento caro e sacrificante para tomar as mesmíssimas decisões que tomaria se estivesse no campus, apenas porque alguém decide que sim.

Há mais, muito mais. Papéis assinados a mão que voltam a ser exigidos… por exemplo. É impressionante a dificuldade de aprender, mesmo com uma experiência longa como a que tivemos. Tenho me sentido muito desestimulada por agora. Haja paciência.

Ah, e antes que os/as radicais maus/más debatedores/as digam que estou defendendo o ensino remoto ou a substituição do ensino presencial (afemaria!), digo que defendo justamente que haja diversidade, hibridez e condições diversas para quem tem necessidades também diversas. Qualquer polo será parcial. A ideia é ter a coragem de integrar ou, simplesmente, aprender; e digo mais: o presencial também tem suas excrescências.

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