Tem sido estranho. Embora possa ficar a impressão de que foi tudo feito ao mesmo tempo, não foi. É que os projetos vão sendo entregues e vão se apinhando nos cronogramas, e um dia eles saem todos meio juntos e as pessoas ficam olhando de esguelha, pensando ‘como essa doida fez isso?’. Não, não. É uma espécie de represamento.

O isolamento social fez seu efeito, sim. A despeito do clima geral ruim e da desgraça que já matou mais de 150 mil brasileiros e brasileiras (só para ficar dentro da nossa fronteira), consegui manter a sanidade, até mais do que quando o mundo andava “normal”. Não gosto do mundo antes. Não gosto agora, menos ainda. Suspeito que depois… Mas enfim… a gente segue.

Como muita gente, resolvi não parar quieta durante a pandemia. Lá atrás, resolvi participar do que tinha a ver comigo. E foi surpreendente, foi bom. Tem sido. Bom no sentido dos afetos, reafirmados e novos.

No meio disso tudo, lancei livros. Um traduzido, que foi um projeto de cerca de três anos, investimento grande, né? Tem relação direta com afetos e apostas. O outro livro é uma espécie de minidicionário que organizei junto com um querido colega, o Cleber Cabral, este também um processo demorado, coletivo, embora a produção editorial dele tenha sido toda durante a pandemia (só pessoas queridas envolvidas na editoração). O outro livro é uma coletânea de artigos meus sobre três escritoras brasileiras e seus processos de publicação (Clarice Lispector, Lúcia Machado de Almeida e Henriqueta Lisboa). Do ponto de vista da escrita, O ar de uma teimosia vem sendo feito desde 2012, mas o processo editorial, sim, foi todo executado na pandemia, num esquema de apoio mútuo e diálogo muito especial. E agora?

A propaganda é virtual, as vendas (quando as há) são virtuais, o lançamento é virtual. Dois desses livros – a tradução e o das escritoras – são por editoras comerciais pequenas, que vêm lutando para sobreviver, juntando forças e estratégias para que os livros consigam alcançar seu público. Não é fácil, nem simples. O livro-dicionário será para download gratuito, a partir do dia 19 de outubro, neste link. Ele é parte de uma ação de extensão que coordeno na instituição onde trabalho.

Lançar livro sem contato físico tem sido muito esquisito, oco, mais incerto ainda do que quando lançamos livros em copresença física. Mas uma coisa não muda: a força de que a gente precisa é a mesma.

Se desejarem, conheçam as propostas nos links dados.

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