Passei vários dias me preparando para bancas acumuladas. Dá sempre muito trabalho ler dissertações e teses que pedem pelo nosso olhar (generoso e cuidadoso). Sempre prefiro comentar o trabalho que tenho em mãos; e não ficar falando do trabalho que poderia ter sido. Esse é meu exercício de respeito ao esforço alheio, mas também meu esforço de contribuição à versão que ainda será entregue.
Aulas, aulas, aulas. Semana de aulas presenciais que me surpreendem. Vou achando que a energia está baixa, que ainda não me acostumei de novo, mas as energias se renovam e multiplicam quando chego lá. Estou trabalhando, neste semestre, com turmas de três níveis de ensino, e todas muito atentas e sedentas pelas coisas que proponho. Tem sido alentador, depois de dois anos de pandemia. Gosto da experiência remota, mas tem sido também bom ver olhos vívidos diretamente.
O campus continua precário. Minha tristeza sempre em riste por isso.
Não consigo deixar de fazer planos como pesquisadora. Tenho pensado se um dia desistirei com honestidade. Ainda parece longe. Sou pesquisadora apesar de.
Não consegui escrever nada na semana e nem revisar o que precisava. É tempo de dar tempo.
Foi chato dirigir nesta cidade por estes dias. Não sinto saudade desse tipo de ocupação deste território hostil.
Pela primeira vez, ouvi o som do mecanismo do elevador no prédio em que dormi na terça-feira. Aos poucos, vou conhecendo essa morada com mais detalhes.
Reuniões, reuniões. Elas costumam me intoxicar. Nesta semana, consegui me entristecer menos. Não há como fugir delas completamente, mas eu adoraria.
Estamos fazendo livros. Por todo canto que eu olho, vejo livros sendo produzidos por pessoas apaixonadas. Há livros de poesia, de prosa, técnicos, didáticos. É neles que eu gosto de morar.
Acho que estou atrasada com algum texto. Isso é uma condição da vida.
Não li meu horóscopo em lugar algum nesta semana, mas devia estar escrito que não seria exatamente fácil pensar no amor por estes dias.
Tivemos um encontro feminista. Essa consciência tem transformado a minha vida, inclusive para trás, na reavaliação do que passou.
Fizemos gravações de coisas que serão exibidas no futuro; assinamos contratos; fizemos pagamentos; compramos geleias; prestigiamos o trabalho de outras mulheres; lemos.
Você escreveria sua vida de novo? Sim.
E pode? Não.
Espero ansiosamente pela chegada de alguns livros pelos Correios. Pensei nisso várias vezes, sem querer, então é ansiedade mesmo. Por que não chegam?
Estamos avaliando possibilidades. E parcerias.
Andei trocando umas palavras pelo castelhano sem querer. Isso é aprender?
Entreguei o imposto de renda. Deprimente.
Tenho medo de que meus bloquinhos de papel se acabem. Mas isso é impossível, exceto por um incêndio de grandes proporções.
Eu deveria tratar a música com mais respeito em minha vida. Dar mais espaço a ela.
Também a dança.
Mas uma vida só é pouco. E a exploração do trabalho não deixa.
Liberaram os rostos, não precisamos mais usar máscara em locais fechados. Mas eu usarei. Ainda tenho medo de respirar.