Categoria: Literatura Page 1 of 28

Antologias em dobro

A poesia tem destas: avoa. Vez ou outra, alguém pede este ou aquele poema, dá cá que vou republicar, faz um novo sobre o tema x, dê aqui que vou traduzir, e assim os textos vão se desprendendo dos livros (que é como nasceram, afinal) e chegando a mais pessoas, a conta-gotas, digamos. Pode ser que puxem livros, pode ser que não. Sementes que brotam; outras, não. Mas às vezes também nasce uma antologia que reúne poemas de poetas por esta ou aquela razão. Há várias antologias que reúnem autoras, todas mulheres, formando conjuntos poéticos de certa feição. O desenho, cada organizadora faz. E assim nasceram duas antologias recentes, ambas surpreendentes (porque eu não esperava que me convidassem).

A primeira é Mulher fala o que quiser, organizada pela professora Claudete Daflon (UFF), com uma turma de alunas, pelas editoras Pangeia e EdUFF. O livro é de acesso aberto e pode ser amplamente distribuído. Convido a espiar o time de mulheres reunidas.

A segunda antologia cruza fronteiras. A tradutora e professora Ángela Cuartas reuniu num belo volume 42 poetas colombianas e brasileiras, com lançamento na Bienal Internacional do Livro de São Paulo, quando a Colômbia foi o país convidado de honra. Um luxo.

O livro pode ser encontrado pelo código qr.

Assim é que a poesia escapa dos seus limites, ou daqueles editoriais, críticos, de gênero e comerciais, e fura todas as bolhas e expectativas. Ave!

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Troca só de tamanho e cor

25 anos se passaram. Mais até. Em 1997, publiquei meu primeiro livro de poemas. O título era Poesinha, assim, bem diminutivo. E era em uma coleção chamada Poesia Orbital, iniciativa do poeta Marcelo Dolabela e sua trupe. Foi uma imensa alegria para a poeta iniciante.

Há alguns meses, um coletivo que homenageia o Dolabela, falecido recentemente, resolveu retomar a coleção e fazer novos volumes. É claro que aceitei o convite, até como uma forma de celebração da persistência que é preciso ter para me manter nessa selva que é a cena literária. Fui lá de novo. O título atual é Troca só de tamanho e cor. Fiz um passeio pelos meus 25 anos de produção e 10 livros, retomando a história do primeiro e me despedindo um pouco de certo traço poético.

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Bate-papo com Juliana Pádua

A Juliana Paiva é dessas pessoas ativas e comunicativas. Eu a conheci pelas redes, no Instagram, se não me engano, e nunca mais deixamos de nos seguir.

Dia desses, batemos um longo papo no canal do grupo de pesquisa que ela toca.

Fica o convite a quem estiver a fim de rir e se emocionar.

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Marque aqui sua crônica

Esta belezura nasceu em 2024, depois de um convite do Carlos Fialho, editor da incrível Escribas, editora independente de Natal na qual eu já tinha três outros títulos.

O livro reúne as crônicas publicadas no Blog da Relicário por cerca de dois anos. Tem prefácio da poeta potiguar Regina Azevedo e quarta capa da jornalista carioca Michelle Strzoda. Compre aqui!

Michelle foi a pessoa que me convidou para escrever no Blog, com o aval da Maíra Nassif, claro; enquanto Regina é uma poeta que conheci, anos atrás, justamente nas andanças pelo Rio Grande do Norte para trabalhar os livros da então editora Jovens Escribas.

O lançamento oficial foi na Livraria do Café, dentro do Café com Letras, um dos meus lugares preferidos em Belo Horizonte. Pura generosidade do Bruno e da Luciana.

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Livros e bate-papos em escolas

Os livros, depois que são lançados, fazem trajetórias imprevisíveis. Os livros para crianças e jovens, se forem parar em espaços como salas de aula e bibliotecas escolares, costumam criar uma condição para os autores e autoras que é uma consequência das publicações: o bate-papo ou a visita para conversar sobre a obra e o processo criativo. E, a depender do trabalho que editora e autor(a) fazem, esses convites para ir às escolas começam a acontecer com frequência, o que nem sempre é simples de administrar.

Neste post, tento organizar um pouco da minha experiência como autora, sem deixar de lado minha vida de professora de escola pública. É bem pessoal, mas pode ser que alguém se identifique com as situações que vou abordar, como autor/a e como professor/a.

Há vários anos lido, afortunadamente, com esse tipo de demanda. Alguns dos meus livros são adotados nas escolas de Educação Básica para a leitura obrigatória, outros são comprados por editais públicos (de prefeituras, estados ou do governo federal), e isso é uma alegria enorme. Significa várias coisas: que as políticas públicas estão funcionando razoavelmente; que as editoras estão fazendo a parte delas; que as(os) professoras(es) estão gostando das obras e pedindo a compra a seus gestores; e que as escolas efetivamente estão usando esses livros. Se os livros são lidos e discutidos, pode ser que as pessoas envolvidas nisso pensem que um próximo passo é chamar o autor ou a autora para um bate-papo, geralmente presencial (mas também on-line, especialmente depois da pandemia), o que faz muito sentido.

Corta para um flashback:

Minha Educação Básica foi toda cumprida em escolas públicas: uma parte inicial em uma escola estadual e a maior parte em uma escola municipal, ambas em Belo Horizonte. Em todo esse tempo de estudos, nunca tive a oportunidade de conhecer um autor ou uma autora de literatura. No início do Ensino Fundamental, eu já era uma estudante muito apaixonada por ler, escrever e livros, mas eu não tinha quase nenhum interlocutor, o que teria sido bem importante para uma formação mais viável e informada nesse campo. Nem sequer minhas professoras e meus professores de literatura eram interlocutores para meu gosto por ler e escrever. E isso não tem a ver com a escola ser pública. Muitas escolas são assim… e isso continua acontecendo. Então eu sentia que: precisava fazer muito esforço para encontrar livros de autores vivos; achava a literatura contemporânea de gente viva algo muito distante de mim; considerava um privilégio de poucos, e muito longe, o escrever e publicar. Mas… ainda bem que fui atrevida. Lembro de querer fazer um concurso literário na escola (que não saiu) e de fundar um jornal com meus colegas (que rolou! por vários anos). Isso tudo era a vontade de encontrar um caminho sério na leitura e na escrita, algo que não fosse só obrigação e só funcional. Mas escritor e escritora, nem pensar. Esses eu demorei muito a conhecer.

Volta.

Pensando na minha experiência como estudante que queria ter tido mais oportunidades, vejo todo o sentido em visitar escolas e ter contato com os/as jovens. Mas isso não pode ser de qualquer jeito. É preciso que haja uma estrutura mínima para que isso aconteça e não se torne um sacrifício para quem trabalha nessa área.

O que estou dizendo pode ser pensado na forma de uma lista:

  • O livro é resultado do trabalho da escritora e de mais um montão de gente. Se foi adquirido pela escola, ele deve ser efetivamente trabalhado, isto é, lido, analisado, comentado, remixado (em trabalhos derivados dele).
  • O livro é uma parte do trabalho, a ida à escola é outra. Não são sinônimos e não deveriam ser oferecidos pela editora ou entendidos pela escola como uma espécie de obrigação da autora, uma espécie de “venda casada”.
  • Autores e autoras geralmente não vivem de seus livros. Quase todos precisam ter outra atividade que remunere dignamente, para sobreviverem e para continuarem escrevendo. Portanto, quando a escola faz o convite, a autora precisa deixar de fazer algo para estar com os estudantes.
  • É muito ruim para um autor ou autora deslocar-se até uma escola e não encontrar um ambiente acolhedor, mas mais do que isso: efetivamente preparado para uma conversa sobre o livro e o processo criativo. Se os estudantes não estão devidamente preparados, é melhor esperar.
  • O convite a um autor ou a uma autora precisa ser feito com todas as informações mínimas sobre data, horário, local, forma de deslocamento, tipo de tecnologia, recursos necessários, cachê etc. É preciso reiterar que essa é outra parte do trabalho. O ideal é que a escola providencie tudo isso, em especial se for uma instituição privada que tem condições para fazê-lo. Escolas públicas podem não ter condições objetivas de pagar um cachê, por exemplo, mas devem se preocupar com o deslocamento do convidado ou da convidada e com sua recepção no espaço. Outra coisa: jamais abusar do tempo das pessoas.

Não é só a escola que aprende com isso. Nós autoras e autores também aprendemos. Muitos autores topam, com gosto, bater papo com os estudantes sem cobrar nada, por exemplo, mas provavelmente fazem essa escolha baseados em suas condições objetivas. Há autores que precisam se sustentar e contam com o bom senso de quem convida. É importante, portanto, pensar em duas coisas:

  • evitar aquela história de “vai ser bom para divulgar o seu trabalho”; e
  • pensar que tanto o trabalho docente quanto o trabalho artístico devem ser valorizados de verdade, deixemos esse papo de “missão” e “sacerdócio” de lado.

Já estive em escolas que me emocionaram muito. Ao chegar em algumas delas, encontrei colegas dispostos a conversar, café, bolo, sorrisos, uma sala de professores preparada, um auditório ou um espaço (quadra, arena, pátio, biblioteca etc.) com microfone, cartazes sobre meu livro nas paredes, trabalhos produzidos pelos estudantes e, a melhor parte, uma moçada que realmente leu e estava ansiosa por fazer perguntas, tecer comentários e aproveitar minha presença ali (e eu a deles). Em alguns casos, encontrei gente encantada, que me tocava como se eu não existisse, ganhei mimos, pediram fotos, postaram selfies, pediram autógrafos nos exemplares comprados ou em pedaços de papel arrancados dos cadernos, confessaram enorme gosto por ler e o desejo de serem também escritores e escritoras. Não precisa ser rico e chique; tem de ser verdadeiro.

Por outro lado, já estive em espaços muito mal preparados, sem condições para minha fala, escolas que queriam que eu ficasse lá o dia inteiro, outras que não se preocupavam em providenciar nem sequer meu deslocamento. É uma viagem frustrante para todos.

Sinto muita falta de que professores e professoras entendessem um pouquinho de edição, soubessem com mais precisão como um livro é produzido, considerassem a questão do trabalho da escritora e do escritor, a precariedade dessa vida (pouco profissional) e a importância da formação de leitores e leitoras não apenas porque leem boas histórias, mas porque sabem o que são os livros, como são feitos, como circulam, que políticas públicas estão por trás deles (ou não estão) etc.

Sou professora. Tenho uma vida muito atribulada. O fato de ser escritora não alivia em nada minha atividade docente. Até deveria, mas é como se uma coisa não tivesse nada a ver com a outra (professor não escreve… esse é o recado). No meu caso, tem, mas me tratam todo o tempo como se fossem facetas que não se comunicam.

Quando uma colega ou um colega de outra escola me chama para um bate-papo com estudantes, preciso saber de muitas coisas e ter condições de atender ao chamado, isto é, é um grande malabarismo. Precisamos estar todos envolvidos nessa atividade e torná-la muito marcante na vida de cada estudante-leitor-leitora. Eu provavelmente precisarei fazer um enorme esforço de tempo e agenda para estar lá, naquele espaço, trocando ideias sobre um livro que é a ponta de um iceberg.

Há uma espécie de etiqueta nessa história de chamar autores na escola, e talvez ela possa ser listada assim:

  • certifique-se de que as turmas leram o livro e estão preparadas para a conversa;
  • organize o bate-papo num tempo razoável e deixe um intervalo para fotos e autógrafos, se a turma quiser;
  • considere o tempo de interação por meio de perguntas e trocas efetivas (há certo controle disso pelos professores para evitar constrangimentos ou até ofensas);
  • convide o autor ou a autora por e-mail ou outro canal, mas lembre-se de perguntas importantes sobre a agenda da pessoa, duração do evento, providências como transporte, alimentação e cachê (lembrar também que autoras podem ter de levar filhos);
  • não se estresse se a autora ou o autor não puder atender, pois a maior parte deles e delas desempenha outra atividade profissional que toma muito tempo, e uma parte não tem mesmo gosto ou talento pelos eventos com muita gente (lembre-se, o livro é uma coisa, a pessoa é outra);
  • hoje é muito possível planejar um evento on-line, com bons resultados também, o que não dispensa perguntas sobre as condições mínimas (a pessoa não se desloca fisicamente, mas reorganiza seu tempo e seus recursos).

Outra coisa que não quero deixar de mencionar é o risco. Já aconteceu comigo e foi grave. Acontece toda hora, com colegas autores e autoras, em todo canto do país. Uns são mais visíveis, outros menos; uns capitalizam em cima dos fatos, outros não. Há reações aos livros e elas podem ser muito negativas e violentas, cheias de preconceitos e desajustes. Isso tem a ver com o contexto social e político em que vivemos, com a formação precária de leitores e leitoras literários, com todo tipo de intolerância… e nada disso é novidade. Os livros sempre foram alvo de censura, monitoramento e polêmica. Às vezes isso se ameniza, noutras, recrudesce. É preciso cuidar disso na escola, na comunidade e na visita dos autores/autoras.

Não sei se eu disse aqui tudo o que queria dizer sobre esse negócio de escrever livros e visitar escolas. Essas experiências vão formando um conjunto de memórias que misturam satisfação e frustrações, e alguém precisa falar sobre isso. Como em mim se combinam os dois lados – escritora e professora da Educação Básica – , me sinto ali no meio do redemoinho. Que seja bom para todos os lados e que possamos aprender uns com os outros, no respeito e na profunda valorização do livro e da literatura.

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Bate-papos da Páscoa

Última semana de março, primeira de abril, com Páscoa e tudo. Nesses dias, tive a oportunidade de falar com estudantes de uma escola privada em Ibirité, MG, iniciativa da profa. Pollyana Armanelli; debater com colegas de vários países de língua portuguesa em um podcast literário chamado Orgasmo Literário (uau!), tocado por Yadhiro e Zoé (indicação do Luiz Eduardo de Carvalho); e com colegas em um evento da UFPI, capitaneado pelo querido prof. Ribamar, o Ribas Ninja. Também fui entrevistada no videocast Multileitura, do Admilson Resende, e terminei de ministrar uma oficina de crônicas na Casa Inventada (achei uma delícia!, obrigada, Lara Torres!).

O evento da UFPI trata do ensino de língua materna e suas (des)conexões com as tecnologias digitais. As inscrições são gratuitas e ele pode ser assistido por aqui.

Já o Multileitura pode ser visto aqui embaixo:

As crônicas da Casa Inventada serão publicadas no site, mas o curso fica só para quem fez. 😉

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Entrevista com latino-americanas

A bela revista Puñado, publicada pela editora Incompleta, me fez um convite-delícia de entrevistar uma autora latino-americana garimpada por lá. Fiz o que pude e foi muito legal receber as respostas da hondurenha María Eugenia Ramos. Vale a leitura.

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Matéria no Escrita Criativa

Em 2023, dei um curso breve sobre literatura contemporânea escrita por mulheres na formação de escritores Metamorfose, dirigida pelo Marcelo Spalding. Daí decorreu uma entrevista que dei à Kethlyn Machado, que gerou esta matéria publicada no Escrita Criativa. Convido à leitura. É sempre um assunto candente esse das mulheres, a escrita e a publicação.

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Molla em Lisboa

Num susto, me chamaram para participar da Mostra do Livro Latino-Americano em Lisboa, com leitura de contos do meu livro novo, o Causas não naturais (Autêntica Contemporânea, 2023). Mas é pra já!

O evento rolou na última semana de novembro e teve transmissão ao vivo. Consegui acompanhar um pouquinho. Cavando futuros, vejamos…

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Vozes Poéticas de Minas

A Escola do Judiciário e o TJMG, junto com a Academia Mineira de Letras, estão realizando esta belezura chamada Vozes Poéticas de Minas: vídeos com entrevistas e leituras de poetas mineiros/as. Lá estou eu neste primeiro da terceira temporada. Grata a todos/as os/as envolvidos/as.

O convite foi publicado aqui e no canal deles é possível assistir às leituras, por mim e pela jornalista Silvana Monteiro.

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Ana Elisa • 2020