O colega de CEFET-MG, prof. José Muniz Jr., gravou várias entrevistas com revisoras e revisores de textos para uma disciplina que ministra. Serão empregadas na formação graduada, mas ficam disponíveis. A minha está aqui, é o sexto vídeo, e foi uma alegria participar deste bate-papo.
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Hoje, dois textos que produzi recentemente foram publicados. Isso sempre me traz uma alegria muito específica.
O jornal Estado de Minas publicou minha resenha do livro Afetos ferozes, de Vivian Gornick, no caderno Pensar. Escrevi muito tomada pela leitura desse romance de memória. (Este jornal publica textos meus há muitos anos, eventualmente).
No Digestivo Cultural, postei minha crônica do mês, que aborda um assunto curioso e necessário: a morte dos entes queridos.
Há alguns anos, venho pesquisando mulheres editoras no Brasil. E não vou falar de método ou de bibliografia. Vou falar dos meus sentimentos. Vivo sentindo coisas como insuficiência, impotência e vazio. Não chegam a me paralisar, mas são incômodos de uma pesquisadora realmente envolvida com seu tema e seus objetos. Sempre a sensação de que não sei nada, de que sei quase nada, de que encontrei algo importante, mas que não será possível descrever ou refletir sobre; impressão de que falo bobagens sobre o achado; sensação de que sei menos que todos/as e de que há muito sob aquela folhagem, mas que não conseguirei alcançar.
Seria mais cômodo, talvez mais fácil, procurar assuntos e métodos que já estivessem aí, disponíveis. Seria o caso de apenas pegar, recolher, continuar de algum ponto, complementar. Mas não dá mais para voltar atrás quando elegemos um assunto que nos parece tão relevante e tão necessário, embora pouca gente olhe para ele. Meu sentimento de que trato mal e poucamente de um grande tema não me deixa em paz.
Tive experiências recentes que se misturaram ao meu percurso de pesquisa no tema das mulheres editoras. Essas experiências me fizeram sentir mais e pensar bastante, sem me desencorajar. Uma foi a escrita de um ensaio para uma editora digital que admiro muito, a Zazie. Quanto tempo fiquei debruçada sobre uns textos, uns vídeos, uns pensamentos meus que saíam e voltavam, minha própria trajetória de pesquisadora insuficiente. O texto começava, esgarçava-se, partia-se em várias possibilidades, inconcluía-se e eu voltava a ele, depois de respeitar um intervalo de sanidade. Escrevi lentamente, aos pedaços desconexos, e somente depois de assistir à live com a profa. Eurídice Figueiredo, a escrita escorreu mais forte. Entreguei. Havia um prazo, já desrespeitado, e eu me incomodo muito com atrasos. Entreguei sem finalizar, é certo. Todo texto é isso, afinal. Mas não me desculpo por qualquer inconsistência, incoerência ou ausência; há algo que sempre escapa.
A outra experiência está relacionada justamente ao objeto que pesquiso, essas mulheres que editaram e editam no Brasil, tão mal contadas. Bom, para falar da mineira Tânia Diniz, tive de ler, assistir a entrevistas, procurar parca bibliografia e falar com ela mesma, que sempre foi muito atenciosa e simpática comigo. Fiz isso enquanto escrevia um artigo sobre sua luta de décadas pela existência do mural Mulheres Emergentes.
Quando meu artigo ainda estava por sair, Tânia faleceu, vítima de um câncer que a desafiava havia anos, contra o qual ela lutou bravamente, mas que a venceu precocemente. Terrível. No artigo, me despedi dela em nota.
Agora, nesta semana que corre, faleceu a escritora Lina Tâmega Peixoto, mineira radicada em Brasília. Também li sobre ela, nos falamos por e-mail (ah, quando eu soube que ela era viva, que alegria!), vi suas fotos, estudei e escrevi. Produzi um artigo destacando uma experiência relevante de Lina como editora de um periódico literário histórico em Minas Gerais. De novo, antes de o texto sair, a poeta falece. Mais uma vez, redigirei uma nota de agradecimento e despedida.
A história dessas pioneiras ainda está com elas. Muitas estão vivas e seu pioneirismo é flagrante, flagrável em entrevistas pessoais. Isso é efeito de uma questão social, que permitiu a ocupação desses espaços por essas mulheres apenas recentemente, e é elemento caracterizador da minha pesquisa, que me põe diante das pessoas diretamente, e me faz lidar com suas partidas. Sinto, então, além da sensação de que nunca sei o suficiente sobre isso, uma angústia de quem corre contra o tempo, de quem pesquisa sobre bases frágeis, já que quase nada sobre a atuação de editoras dessas mulheres foi narrado ou devidamente documentado.
Que meus textos, breves e lacunares, sirvam ao menos de início para as devidas homenagens e dos reconhecimentos que as editoras pioneiras merecem.
Este ano, escrevi dois textos que me incomodavam fazia tempo. São dois textos provocados por outros dois textos e centenas de seus ecos – às vezes não passam de ecos mesmo, meras repetições; outras vezes são mais que isso, são diálogo, são reflexão. São dois textos que mudaram muita coisa por aí, em especial em nosso contexto educacional e de pesquisa. Dois textos que me provocam pelo que eles provocaram.
Duas revistas toparam publicar estes meus dois textos, mesmo que eles fossem uma mirada meio crítica de dois textos que são amplamente aceitos, eu diria até que são, hoje, o discurso hegemônico em educação e tecnologia. Acho que cumpri minha missão de dizer o que disse, mas, principalmente, consegui aliviar algo que ficava engasgado.
O primeiro deles é minha leitura interessada e detalhada do texto que trouxe para nós, meio enviesadamente, a ideia de “nativo digital”. Noção que sempre me despertou muita desconfiança, à qual jamais aderi, mas que se tornou o esteio de muitas pesquisas e muitos discursos no Brasil. Em muitos casos, foi pior: tornou-se pressuposto, premissa. Veio a pandemia e…
O segundo é uma leitura o mais acurada possível do manifesto da Pedagogia dos Multiletramentos, documento produzido por um grupo de dez pesquisadores/as, depois de uma reunião inicial ocorrida em 1994, e publicado em 1996, em uma revista de uma renomada instituição americana.
Do fosso às pontes está na Revista da ABRALIN e talvez ajude a pensar sobre essa questão da natividade. Minha proposta inclui García Canclini, tal como faz Roxane Rojo.
Que futuros redesenhamos? está na revista Diálogo das Letras, que me publicou como professora convidada, o que me trouxe muita alegria. Era urgente, para mim, fazer esta leitura do manifesto da Pedagogia dos Multiletramentos (que até no título faz lembrar Paulo Freire…) e acho que talvez seja mesmo o momento de entender em que ideias a BNCC se inspira. Sem este elo… a compreensão fica difícil.
Hoje achei um documento bacana aqui: a homologação de meu projeto de mestrado, quando estudei a leitura em telas, no POSLIN UFMG. Foi em 2002 e defendi em 2003.
O orientador era o prof. Fábio Alves. A parecerista foi a profa. Heliana Melo. Duas feras. E é legal ver como ela percebia meu tema e minha proposta, naquele momento.
Há vários anos oriento trabalhos de graduação, especialização, mestrado e doutorado. Nem sempre é muito fácil chegar a um desenho metodológico legal, redondo e convincente.
Tenho colegas que oferecem excelentes cursos de Metodologia do Trabalho Científico e sempre peço aos meus orientandos que se matriculem.
Mas às vezes aquelas metodologias prontas, encontradas nos livros, não são suficientes para a pesquisa. De vez em quando, alguém investiga um problema tão inusitado ou novo que não adianta apenas ler obras da biblioteca, aquelas já velhinhas. Serve, mas é preciso muito contorcionismo para chegar a um bom termo.
Acontece também no nível da linguagem. Certas teses e dissertações têm uma linguagem que não combina com aquele capítulo metodológico padrão. Fica uma quebra estranha, como se o/a pesquisador/a tivesse saído de sua programação normal ou mesmo fica artificial, com aquele jeito de “cumprir a tabela”. Em alguns casos, acho um desperdício.
Quando isso acontece, eu recomendo: Vai ler o Hissa. Nesse livro, ele ajuda muito a repensar pesquisa e metodologia. E é libertador também, encorajador, sem deixar de ser responsável e sério. Sempre vale a pena.
Rastros Lectores é um evento itinerante organizado por um grupo de pesquisadores/as de vários países latino-americanos, entre os/as quais me incluo. Depois de sua primeira ocorrência no Chile, em 2020 ele foi em Montevidéu… Ou era para ter sido, não fosse a pandemia da Covid-19.
Fiz a palestra de encerramento, a convite dos/as colegas.
Tratei dos desafios de pesquisar mulheres inenarradas de nossa história editorial. E continuo investindo nisso. Todos os vídeos podem ser vistos na página do congresso no YouTube.
Dias 12 e 14 de agosto, das 16h às 18h, rolou nossa oficina Escreva com(o) uma mulher, oferecida gratuitamente, no âmbito do projeto e grupo de pesquisa Mulheres na Edição (CEFET-MG).
Minha ideia foi oferecer uma oficina de escrita literária inspirada no conto de outra escritora, a argentino-brasileira Paloma Vidal. A partir da leitura comentada desse texto, as inscritas puderam escrever os seus, o que aconteceu com muito empenho e sucesso.
O encontro aconteceu virtualmente, pela plataforma RNP. Ofereci 12 vagas, mas tivemos 63 interessadas, de todas as partes do país. No fim, éramos 14, com promessas de que eu reofertasse a oficina, qualquer hora dessas. Acho que vale a pena!
Do nosso papo, saíram contos impressionantes, que serão compilados em um livro eletrônico, para breve.
Semana que vem começam nossas oficinas comemorativas do grupo Mulheres na Edição – 1 ano. Vou tratar de textos literários dias 12 e 14 com 15 pessoas que se interessaram. Foram 60 inscritas/os, mas para uma oficina ficaria demais! Vamos de grão em grão.
Este grupo é uma atualização do grupo de 2008 sobre Tecnologias e processos discursivos. Aproveitamos sua base, mas ele passou a ser liderado, em 2020, por mim e pela professora Carla Coscarelli (UFMG). Estamos dando início a atividades neste âmbito, depois de muitos anos atuando juntas em projetos e textos.