Autor: Ana Elisa Page 18 of 96

Conversa na escola

Conversar com estudantes da educação básica sobre meus livros me dá mais frio na barriga do que muita coisa! Mas eu vou. E sempre me surpreendo com as perguntas e o interesse curioso que essa galera demonstra.

Hoje foi dia de visitar virtualmente escolas do Sesi/Firjan, no Rio. E pude falar um pouco sobre os processos de criação/produção de O e-mail de Caminha, irmão mais velho do meu Romieta e Julieu (ambos pela RHJ).

Sei que os livros têm seu tempo para chegar aos leitores e às leitoras. E meus filhotes estão chegando. Que venham sempre perguntas desafiadoras e divertidas sobre eles. Eu me diverti muito fazendo.

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Machismo e mercado editorial

Neste abril, minha coluna no Rascunho foi sobre um “fenômeno” interessante que é a emergência dos “autores de autoras”. Está melhor explicado no texto. Com essa publicação, atingi muitas galeras, algumas porque se identificaram como vítimas do lance, outras porque identificaram a questão, mesmo quando são eventuais “violadores”.

Poucos homens vieram comentar algo comigo sobre isso. Mulheres… muitas, claro. Uma pena que isso não seja mais equilibrado, mas a gente também presume por quê. Bom, um dos parças dispostos ao debate foi o Nathan Magalhães, editor da Moinhos e dono do site e do canal LiteraturaBR. Ele logo sugeriu uma live e nos metemos lá, numa sexta à noite, feriadão. Mesmo assim, teve gente pra conversar.

O papo pode ser visto aqui. E tentei que fosse sério, qualificado e honesto, como acho que merece ser.

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Fanfic: propostas para a escrita

Hoje tivemos live do Aula Aberta com a profa. Raquel Abreu Aoki, da UFMG, sobre fanfics. Além de estudar e pesquisar esse tema, ela produziu um ebook com estudantes de Letras. Esse material dá muito pano para manga em nossas aulas de leitura e escrita, vejam só!

Aproveito para deixar também o link de um ebook produzido a partir de uma oficina de escrita criativa que fizemos em 2020 como atividade do grupo Mulheres na Edição. Não era uma fanfic, em todos os seus sentidos, mas foi um jeito de escrever homenageando outro texto e outra escritora. Tá tudo explicado lá.

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Poesia conflui em Barcelona

Em março passado, depois de alguns anos adiando o evento, sete poetas mineiros e mineiras fomos passar uns dias em Barcelona, na Espanha, a fim de encontrar lá poetas catalães e trocar nossos textos e experiências.

O evento teve apoio de várias instituições brasileiras e espanholas, em especial da Lei Municipal de Cultura de Belo Horizonte e a Casa Amèrica de Catalunya, que nos recebeu lindamente.

Foram três dias de conversas, mesas e leituras, com público atento e numeroso, num ambiente de absoluto interesse.

A curadora e produtora Izadora Fernandes nos brindou com este texto retrospectivo no jornal O Globo, na coluna cedida por Afonso Borges.

Aqui, algumas fotos que registram esses dias de alento:

Mesa com poetas

Com Renato Negrão, poeta e curador
Com Mariana de Matos
A turma toda no painel da Casa Amèrica

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Multiletramentos em PE

Nesta sexta, minha presença virtual estará em Pernambuco, conversando com colegas queridos/as e falando de multiletramentos. As inscrições ficaram disponíveis aqui.

E assim foi:

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Batendo prova

Diversão pura. A turma do podcast Batendo Prova me chamou para conversar e falamos por quase 2h sobre edição, livro, leitura, pesquisa, ensino, educação, Brasil… enfim. Se tiverem paciência e tempo, entrem no papo por aqui, ó.

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Multiletramentos e projetos

Tem livro novo na praça! Esta semana, a querida Dorotea Kersch avisou que esta coletânea de textos foi para o ar. Está disponível para baixar gratuitamente no site da Pimenta Cultural.

Neste volume, colaborei em coautoria com o pesquisador de doutorado Michel Montandon, meu orientando e um parceiro supimpa. Tivemos juntos uma experiência no ensino médio, semestre passado, e a relatamos para este livro. Tudo se aproveita! E com tudo nos divertimos. Vale baixar.

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Xerox e abraço

No último mês, me senti de volta a 2019. E tem sido surpreendente, além de frustrante e impressionante. Mas eu já desconfiava…

Eu até podia entender quando as pessoas falavam da falta que fazia, eventualmente, abraçar estudantes, ter contato físico, olhar nos olhos, ouvir a voz ao vivo, brincar monitorando as reações, mas nunca pude entender outras saudades: a de reuniões, por exemplo. Essa não entrará na minha cabeça. Em especial porque vivi intensamente os dois anos mais recentes, e trabalhando muito.

Eu mesma sempre usei muito papel, em especial na graduação. Levava, quase religiosamente, um texto impresso para a sala, com o objetivo de que a turma lesse junta, comigo, fazendo pausa protocolada. Depois daquela clássica cena da professora entregando papelzinho em carteira por carteira, e do pessoal que chega atrasado pegando depois, a gente começava a ler para discutir. Era proveitoso por algumas razões, mas destaco uma: no turno da noite, geralmente as pessoas não tinham tempo de ler previamente os textos indicados, então era ainda mais frustrante chegar em sala e ver que seria difícil avançar sem leituras. E o detalhe: leciono num curso de Letras. O jeito era compartilhar aquele momento com eles, embora isso fosse contra tudo o que tanto estudamos sobre “sala de aula invertida” e outras metodologias ativas. Se as pessoas não leem e têm seus argumentos para isso, enfim, o que me restava? A estratégia clássica me valeu durante muitos anos e fez com que muita gente tivesse contato com textos breves para debates que davam pano para manga.

Eis que se abate sobre nós todos/as uma pandemia e, de repente, passamos a dar aulas em ambiente virtual. Com isso, até quem jamais havia pensado nessa possibilidade teve de aprender a organizar tudo digitalmente: pdfs, arquivos de todo tipo, textos em repositórios previamente arrumados, etc. Foram 2 anos fazendo isso, não foram 2 meses; foram ali pelos 600 dias de nossas vidas reaprendendo a dar aulas e ajustando tudo para que as leituras acontecessem, as aulas rolassem, os trabalhos fossem feitos e entregues, lidos e avaliados. Pois bem.

A volta ao campus está acontecendo agora, nesta semana (última de março de 2022). Começam a chegar e-mails alvoroçados dos coordenadores e chefes pedindo pelo amor de Deus que as pessoas se controlem no uso da máquina de xerox e do papel. Oi?

Bom, é que o campus está sem a menor condição: não tem cantina, não tem restaurante, não tem estacionamento, tem obra barulhenta logo debaixo da janela. É isso. Acolhedor, não? E a lojinha do xerox também não está mais lá. Tudo era licitado… e isso se perdeu nos dois anos pandêmicos. E não foi recuperado antes do retorno ao presencial… dizem que porque essa é a regra federal geral. Oi??

Tá, então não tem mais loja de xerox nem gráfica da escola. O jeito é operar aquela máquina que fica na sala do departamento para um uso mais excepcional… que agora será ordinário. Bem, mas calma lá, como assim? Textos curtos, ok? E eis que o alvoroço da coordenação continua: pessoal, a máquina não aguenta esse tanto de páginas, de xerox, de impressões!

E dá-lhe memorando e sei lá o que mais pedindo mais toner, mais papel, mais tudo, enquanto o setor de suprimentos e de almoxarifado enlouquece e começa a questionar todo mundo: para quê isso tudo? Vamos cancelar vocês!

A pergunta que não quer calar é: onde você, professor/a, esteve nos últimos dois anos? Como deu aulas quando nem se podia ir ao campus? Como preparou seus materiais e os disponibilizou? As aulas aconteceram? Ou você sequer usou textos, e deu aulas expositivas de turnos inteiros? Não aprendeu nada com isso? É sério? Será que parte do que supostamente foi aprendido não pode se tornar uma prática ordinária?

Bom, já ouvi cada coisa… Ouvi dizerem que todas as reuniões voltarão a ser presenciais, mesmo quando são desnecessárias; ouvi dizer que nada pode nem lembrar o ensino remoto; ouvi dizer que celular está proibido em sala; ouvi dizer, ouvi… Espero não precisar obedecer, não quero entrar nessa máquina do tempo de ré.

Onde é que estávamos nos dois anos mais recentes de nossas vidas profissionais? Eu estava bem engajada nos ambientes virtuais e aprendi a fazer muita coisa por meio deles. Várias delas, espero, vão continuar comigo. Ou será que não vão permitir que eu integre algo que funciona bem nas minhas práticas, de agora em diante? Não é bom duvidar…

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7 Congresso Internacional de Arte, Ciência e Tecnologia

Eu já era fã desse congresso e já tinha participado com comunicação oral e publicação em anais. O mais recente foi este, em que escrevi sobre livros com a querida Amanda Ribeiro Barbosa.

Desta vez, resolvi me envolver mais. Eu e outra parceira enorme, a Ana Cláudia Munari, da Unisc, no Sul, escrevemos uma proposta de Grupo de Trabalho para falar e ouvir sobre edição, livros e suas tecnologias. Não parece bom?

As informações sobre o congresso podem ser visitadas aqui.

A chamada para trabalhos nos GTs vai até 24 de abril.

Nosso GT é o 7: Livro, edição e suas tecnologias.

Nossa ementinha é esta:

Este grupo acolhe trabalhos acadêmico-científicos dedicados a pensar a teoria e a prática da edição de livros em relação com suas tecnologias, sejam elas impressas ou digitais e eletrônicas, o que inclui desde a reflexão sobre a produção tipográfica até a edição de e-books e áudiolivros, por exemplo, considerando, em especial, as mesclas e entrelaçamentos entre técnicas e tecnologias em nosso tempo sociotécnico, tanto nas fases do planejamento, quanto nas do fabrico e da distribuição ou divulgação de obras consideradas livros. Os trabalhos que desejarem ser aceitos neste GT serão considerados em sua diversidade de orientações e fundamentações teóricas, além de poderem ser menos ou mais práticos, isto é, relacionados a relatos de experiências editoriais que nos auxiliem a pensar e a debater sobre o livro, a edição e suas tecnologias na contemporaneidade.

A gente te espera!

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Acessos diversos

As aulas presenciais finalmente vão começar. Parece que será na semana que vem. Sinto que me esqueci um pouco de como é isso. E tenho pensado muito em como integrar algumas coisas que funcionaram on-line ao que vou fazer na sala de aula e fora dela.

O sistema acadêmico que passamos a usar melhor, por exemplo, pode continuar funcionando. Serve como um belo apoio e repositório para textos, aulas, etc. Organiza muito as coisas, em especial para quem perder aulas ou se enrolar nas atividades. Isso não precisa desaparecer do horizonte, como se estivéssemos voltando no tempo.

Mesmo assim, com a experiência de coisas que funcionaram, ouvi uma discussão inacreditável na semana passada: pastas de xerox. É que o campus quase se desintegrou nesses dois anos de ensino remoto emergencial. Não há mais cantina nem lojinha de xerox, por exemplo. São espaços que dependem de licitação… e isso ainda será feito, naquele conhecido ritmo dos processos públicos.

Sim, a cantina é fundamental. De preferência uma boa cantina, o que nunca foi o caso, mas a lojinha do xerox poderia muito bem virar coisa do passado, em especial se as práticas diversas forem estimuladas com o uso de repositórios digitais. Era o que estávamos fazendo…

Mais uma coisa: reuniões com dezenas de pessoas deslocadas de suas casas, grande parte delas sem necessidade. A gasolina está a 7 reais o litro. Três horas de reunião equivalem, na verdade, a cerca de 6 horas fora de casa, já que a mobilidade é péssima na cidade e as pessoas despendem horas para ir, chegar, voltar.

Daí, o que pensam? Que será preciso votar (votar!!) se as reuniões serão presenciais OU virtuais. Não entenderam nada! Não é isso, minha gente. Os acessos precisam ser híbridos. Não aquele “híbrido” explorador que inventaram na transição do on-line para o presencial, mas o híbrido que nos favorece. Como? Assim: as pessoas devem poder escolher como acessarão uma reunião, se de suas casas ou fisicamente, caso estejam no campus ou considerem vantajoso estar lá por qualquer razão. O que a instituição precisa prover? Condições para que as reuniões possam ser transmitidas de maneira a permitir participações efetivas de presencialidades diversas. Guardemos isto: presencialidades diversas.

A pessoa que está na reunião de casa… não está ausente. Pelo amor de Deus. Ela precisa estar disponível para a reunião. Ela só não está no mesmo espaço que parte das pessoas que estão na sala física em que a conversa acontece. Isso é uma melhoria. É mais justo, mais democrático, favorecedor inclusive da qualidade de vida de quem não precisa fazer um deslocamento caro e sacrificante para tomar as mesmíssimas decisões que tomaria se estivesse no campus, apenas porque alguém decide que sim.

Há mais, muito mais. Papéis assinados a mão que voltam a ser exigidos… por exemplo. É impressionante a dificuldade de aprender, mesmo com uma experiência longa como a que tivemos. Tenho me sentido muito desestimulada por agora. Haja paciência.

Ah, e antes que os/as radicais maus/más debatedores/as digam que estou defendendo o ensino remoto ou a substituição do ensino presencial (afemaria!), digo que defendo justamente que haja diversidade, hibridez e condições diversas para quem tem necessidades também diversas. Qualquer polo será parcial. A ideia é ter a coragem de integrar ou, simplesmente, aprender; e digo mais: o presencial também tem suas excrescências.

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Ana Elisa • 2020