Há coisas com as quais a gente sonha. Vê na imprensa, vê na tevê, desde criança, e pensa: poxa, será que um dia eu…? Geralmente, são acontecimentos que parecem de outro planeta. E podem ser mesmo.
A Medalha da Inconfidência é uma condecoração que o estado de Minas Gerais dá há décadas (desde meados do século passado, saiba mais), sempre em abril, e independe de quem esteja no governo. É, portanto, uma comenda de estado. De vez em quando ela “agarra”, como dizemos aqui, mas sai. E com ela eu nunca sonhei, de tão de outro mundo que ela me parecia.
Ocorre que, em 2022, eu soube que seria indicada para receber essa comenda. E achei bom, claro, pelo reconhecimento do meu incansável trabalho de formiguinha na cultura e na educação. Mas também achei curioso, engraçado, meio estranho: será que é comigo isso, gente?
Um amigo, ao saber dessa comenda, me mandou uma mensagem pelas redes sociais em que dizia: Ana Elisa provando que trabalhar muito compensa. Bem, eu logo corri para dizer a ele que mais ou menos. Não sei realmente se compensa, mas de vez em quando alguém nota. E faz tempo que eu decidi que trabalharia muito, muito. Tanto, mas tanto que seria difícil ficar tão invisível, ser tão ignorada. Mesmo assim, não é sempre que alguém percebe, ou seja, não é linear e nem é o tal do “mérito”, falácia em que alguns caem.
Receber a Medalha da Inconfidência, uma honraria que o estado de Minas Gerais oferece, nunca esteve no meu horizonte. Não sou herdeira de intelectualidade alguma, não nasci em berço dourado, moro longe da zona mais prestigiosa da cidade. Tudo isso sempre me pareceu longínquo, mas… quando acontece uma coisa assim, a gente chega a pensar que é possível intervir, é possível ter voz (e letra).
A Medalha foi entregue com atraso de cerca de 1 ano, no salão nobre da Assembleia Legislativa de Minas Gerais – ALMG, dia 18 de abril de 2023. Meu filho esteve lá comigo e tirou umas fotos, além de me ver com o colar de tecido vermelho.
Aqui está um vídeo da TV Assembleia no dia da entrega. Posto abaixo uma foto oficial tirada pela equipe de lá.
Estou grata à comissão que fez minha indicação em 2022; sei que isso partiu da Academia Mineira de Letras, instituição à qual também estou grata; e estou tranquila que isso não passe por uma decisão de quem, afinal, não gosta nem de cultura nem de educação, que são as duas áreas às quais me dedico enormemente.
Ansiosa pelas conversas literárias que terei em São Leopoldo, na próxima semana. Já estou sabendo que uma turma legal andou lendo meu livro jabutizado (antes de ele ser) e que teremos bons encontros.
Não entendi ainda direito, dá um certo torpor, um sonho que se realiza, algo que se reconhece, em especial depois de muito desejo e muito trabalho. O Jabuti é nosso, neste 2022. Romieta & Julieu ganhou na categoria Juvenil. Fica o agradecimento aos editores, aos designers, à posfaciadora e à CBL.
Em março passado, depois de alguns anos adiando o evento, sete poetas mineiros e mineiras fomos passar uns dias em Barcelona, na Espanha, a fim de encontrar lá poetas catalães e trocar nossos textos e experiências.
O evento teve apoio de várias instituições brasileiras e espanholas, em especial da Lei Municipal de Cultura de Belo Horizonte e a Casa Amèrica de Catalunya, que nos recebeu lindamente.
Foram três dias de conversas, mesas e leituras, com público atento e numeroso, num ambiente de absoluto interesse.
A curadora e produtora Izadora Fernandes nos brindou com este texto retrospectivo no jornal O Globo, na coluna cedida por Afonso Borges.
Aqui, algumas fotos que registram esses dias de alento:
Olha o que tem pro sábado à tarde! O projeto já teve outras edições e mais escritores, mas agora é minha vez de ir lá conversar com a jornalista Daniella Zupo e alguma plateia (ainda tá estranho sair de casa, né) para falar de livros, edição, literatura e o livro Doida pra escrever. Gratuito, livre.
O grupo Infortec, liderado pelo querido amigo prof. Vicente Parreiras, me fez um convite, ainda em 2021, para lançar meu Doida pra escrever por lá, no badalado canal deles. Topei, mas não dava mais para ser naquelas datas, o ano já quase findava, e marcamos então para o começo de 2022.
A Mônica Baêta foi a animada mediadora desse papo, que rolou hoje, com algumas dezenas de pessoas atentas e fazendo boas perguntas. Não sei se deu para responder a todas, mas tentei. É sempre uma delícia falar de livro, leitura e escrita.
Uma surpresa boa me pegou de jeito na semana que passou: as pesquisadoras Francisca Liciany Rodrigues de Sousa (UFPI) e Maria Elenice Costa Lima Lacerda (IFCE) apresentaram o trabalho intitulado “A maternidade e a escrita na poesia de Ana Elisa Ribeiro” no II Seminário do NIELM UFRJ sobre Literaturas de autoria feminina. Deu para assistir e fiquei bem quietinha, mocozada por detrás do YouTube anônimo. Que alegria! Depois escrevi para a Liciany pelo Instagram para agradecer a atenção à poesia que eu insisto em publicar há tantos anos.
Para ver, é só entrar aqui, logo no começo do vídeo.
Há algumas semanas, recebi um lindo convite para participar de uma feira literária no interior da Argentina, em Curuzú Cuatiá, a décima edição desse evento, que visivelmente se esforçou para levar poetas de toda a América Latina. Fiquei, obviamente, muito honrada com o convite da escritora uruguaia (radicada na Argentina) Carolina Zamudio, que conheci há alguns anos, num evento literário colombiano. Olha, essas viagens e esses circuitos já renderam tanta coisa boa!
Lá, sou poeta internacional (devo ter saltado a etapa nacional kkkk), e fico muito feliz por esta participação, mesmo virtual.
Aqui as boas-vindas da Embaixada brasileira. Senti-me honrada.
Na próxima semana, participo de duas atividades bem lindas: uma pelo prêmio Jabuti, que logo revelará os finalistas deste ano, e outra pela Livraria da Tarde, com a Relicário Edições. Tenho certeza de que serão papos enriquecedores para mim e para quem participar. Vamos? Tudo on-line.