Mesmo amando o tema das mulheres na edição, a pesquisa sobre edição e mantendo a força de tudo o que diz respeito a isso, lançando revistas científicas nessa praia e livros gratuitos, nenhum tema me convocou mais este ano do que a questão das tecnologias digitais e a escola.

Eu vinha de uma certa ressaca sobre o assunto. Havia mais de 20 anos que pesquisava isso, ser ver muita coisa avançar mesmo. Participei de dezenas de bancas de mestrado e doutorado sobre educação e TDIC, sabia das conclusões de tanta gente, em tantos lugares, sempre demonstrando que essa relação era morosa, difícil, infraestrutura ruim, ethos analógico, etc. Sabíamos disso. Havia gente mais esperançosa. Eu estava meio cansada, achando que ficaríamos sempre assim… reme-reme. Até que veio a pandemia.

O coronavírus lançou um desafio enorme a todas as pessoas, a estudantes e professores do mundo inteiro. Essa equalização tornou o cenário triste, mas interessante para muitas análises. Era como se uma variável grande, importante, tivesse sido controlada. Podemos falar de TDIC? Agora, sim. Mas sob que experiência? Uma experiência terrível. E sem saída.

Nesse 2020 estranho e em que muitas pessoas foram sumariamente excluídas da escola por falta de conexão adequada, publiquei muitos textos, com coautores/as ou solo, tentando pensar nos acontecimentos, nas consequências, mas também desabafando e lembrando que a escassez e a angústia que vivíamos no ensino remoto era também já uma consequência de mais escassez e aflição. Consequência da demora, da falta de estrutura e formação, entre outras coisas.

Este foi o primeiro texto desabafo que publiquei, depois de dias e dias pensando no que fazer, em como reagir à pandemia na escola. Minha instituição havia suspendido o calendário e amarrado minhas mãos. A Parábola Editorial me deu espaço e sapecamos lá esta conversa.

Alguns artigos saíram com minhas reflexões sobre outros textos que considero seminais e importantes para nosso debate no Brasil. Um deles foi Do fosso às pontes, publicado na Revista da ABRALIN, em que me dediquei à ideia dos “nativos digitais”, que sempre considerei um desserviço, mas que colou bem no Brasil. O outro foi um texto em que li a contrapelo (essa expressão tá na moda entre os estudiosos da literatura rsrsrs), o manifesto da Pedagogia dos Multiletramentos, do New London Group, publicado em 1996 e grande influenciador de nossa linguística aplicada e até da BNCC, hoje em dia. Que futuros redesenhamos? saiu na revista Diálogo das Letras, da UERN, e foi um alívio para mim.

Eu e Carla Coscarelli já havíamos publicado nosso dossiê sobre leituras digitais na Texto Digital (UFSC) quando a pandemia se abateu sobre nós. Mantive o debate sobre textos e multimodalidade, sempre na relação com as tecnologias e com a escola, em outras oportunidades, como na revista Triângulo (UFTM) (Textos multimodais na sala de aula) e na Educação & Comunicação, da USP, em que discuti a leitura de livros entre jovens do ensino médio, hoje.

Aguardo ainda um capítulo de livro que sairá pela PUC Minas, em que discuto as categorias tempo e espaço no ensino remoto, com base em Josefina Ludmer. Ah, pronto, aqui está no Issuu e, logo, para baixar.

Em algumas ocasiões, fui entrevistada. Uma conversa saiu na revista Texto Digital e outra, na Entretextos (UEL), mais recentemente.

Com a Amanda Ribeiro, mestranda no CEFET-MG e professora da educação infantil, publiquei este texto sobre livros e leitura, cheio de afeto, na Revista Brasileira de Alfabetização.

Foi um ano difícil e triste, de pensar muito e trabalhar mais ainda. Não fugi da raia. Às vezes me arrependi um pouco do que disse, em dezenas de lives; outras vezes achei que devia mesmo dizer. E fiz tudo com responsabilidade e franqueza (não fraqueza). Seguimos pensando a educação, que foi o que fizemos quando publiquei, com Pollyanna Vecchio, parceira e doutoranda do CEFET-MG, o livro Tecnologias digitais e escola, pela Parábola, com fomento da Diretoria de Extensão e Desenvolvimento Comunitário. Depois de conduzir por meses o projeto Aula Aberta virtual, com acervo no YouTube, este livro é um presente gratuito a todos/as os/as professores/as.

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