As aulas voltaram. Digo, as que damos mediadas por computador. São aulas que precisam de planejamento, execução e feedback, até mais do que aquelas que damos no prédio da escola. Eu gosto. Há coisas de que gosto mais aqui do que lá, embora externar essas coisas seja um risco estranho. Azar, eu gosto.

Estava ali começando uma oficina de produção de textos. Ela será ministrada remotamente, mas em contato constante com dezenas de estudantes de Letras. Eu gosto muito de trabalhar com textos. Prefiro escrever do que ensinar, e às vezes acho que isso não se ensina propriamente, mas existem oportunidades de favorecer, estimular, dirigir. E gosto disso. Faço com raro prazer.

Gosto de compor as atividades, de pensar nelas, de imaginar que efeitos elas precisam ter, de ver que efeito elas realmente causam. É minha atividade favorita entre as coisas da docência.

Uma oficina de textos precisa de alguns elementos básicos, um deles é “gente engajada”. Se quem está ali não quer escrever… fica impossível. Deve ser o caso de alguns dos matriculados, mas não se pode fazer nada quanto a isso. Minha missão é provocar escritas ali, dentro de um espectro dado pela ementa e pela matriz do curso. No momento, estamos lidando com uma gama de textos informativos. Delícia.

Uma oficina se faz com interação. E ela não precisa ser no cara a cara. As pessoas precisam se ler, trocar textos e dar feedbacks. Sem isso nenhuma oficina funciona, sequer se as pessoas estiverem presas na mesma sala, como costumam estar na escola. Para escrever textos são importantes alguns itens, como fontes onde pesquisar, horas de pensamento, tempos de tentativa e apagamento, revisões, etc. Mas isso é um delírio. Só que eu sempre quero que não seja.

Eu estava ali propondo algumas coisas, começando por umas leituras que devem provocar respostas escritas. Já é alguma coisa. Como gosto! Como acho importante! No computador, consigo enviar a proposta e deixar que as pessoas se enrolem com elas, se incomodem, se enrosquem, se resolvam e depois postem para todos verem. Quando dou oficina em sala de aula física, o tempo ali fica meio perdido… porque as pessoas raramente podem escrever de verdade naquela situação, em especial os textos complexos que pedimos. Seria o caso de aqueles momentos compulsórios de presencialidade física poderem ser usados apenas para o debate… mas isso não existe. Então sigamos do jeito que dá. E que a escrita nos leve longe.

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